segunda-feira, 2 de maio de 2016

a luz dos vagalumes

tempo de lembranças melancólicas
de se virar do avesso
ressuscitar

o Revolver na parede
dos filmes, Assassinos e Doors na geladeira
aqui
aquela tristeza
outro endereço
outros personagens
mesma trilha sonora
aos frangalhos

hora de trocar certezas por sonhos mágicos

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

hoje

era dia de folga
ela acorda cedo mesmo assim
tornou-se costume
liga a tv
na tela, um show do new order de quase dez anos
ela tinha visto aquele show
repara que está vestida com a camisa do joy
uma que ganhou há algum tempo
tinha sido recosturada em forma de regata
combinava mais com ela
era mais confortável
que coincidência, não?
ela continuou assistindo o show pela tv
quase dez anos tinham se passado
ela, agora, estava na sua própria casa
com a sua tv
sua camisa do joy transformada em regata
de calcinha, pra cima e pra baixo, como sempre desejou
era o dia de folga do trabalho que ela enfim tinha, gostava e realizava muito bem
percebeu que, hoje, tinha tudo o que desejou ter
tudo o que desejou ter enquanto assistia àquele show do new order dez anos atrás
mas faltava alguma coisa
o show do new order na tv acabara
havia começado um do moby
ela também tinha ido a um show dessa banda
estava acompanhada de pessoas queridas
naquele dia, com aquelas pessoas queridas, ela quase sofrera um acidente
quase sofrera um acidente sério
o acidente não aconteceu
hoje, bem, ela relembrava
em sua casa, tendo tudo o que queria ter naquela época
faltando alguma coisa
percebeu que aquelas pessoas passaram pela sua vida
não mais estavam como estavam naquela época
a vida demonstrando seu equilíbrio?
talvez
com uma de suas músicas prediletas ao fundo
ela notou que muito havia mudado
que muito ela havia perdido
mas que muito havia conquistado
e que, mesmo assim, algo faltava
tinha tempo que ela não jogava no papel assim, com essa doce fúria, seus pensamentos
ela correu, procurou por uma caneta, não encontrou seu bloco de notas
teve de ligar o computador
aguardou
enfim, escreveu
ainda faltava alguma coisa
ainda falta
sempre faltará
talvez nisso, na falta, resida o equilíbrio da vida que todos tanto buscam
seria a falta aquilo que nos faz conquistar?
e que nos faz ir mais longe depois da conquista?
talvez
é
seus vinte e poucos anos tinham sido bem vividos
os trinta pareciam ter começado bem também
ela, então, desligou o computador
sem reler o que tinha escrito
apenas guardou o arquivo
desligou
deitou-se no sofá
e aproveitou seu dia de folga
sem querer ter certeza de nada
agora, ouvia marina

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Rascunho

Rascunhos incontáveis
Folhas amassadas
Versos desprezados
Fotos retocadas.

A mesma música aos ouvidos.

Ainda a sensação
perdida.

Sumida a folha de rascunho
Resolvido rabiscar alguma vida.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Pêndulo

Exposta
como a chuva
no solo
na vontade manifesta
de ser sorvida

Oscilo.

Escondida
como o sol
atrás das nuvens
na agonia
de se achar protegida

Oscilo.

Como um pêndulo, oscilo
Entre noites e dias
Sombras e sorrisos
Derramando-me vulgarmente
em beijos, abraços, poesias.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Ânsia

Perdi-me de mim no caminho.
Se toda ou parte, isso não sei
Não sabia ontem o hoje
Pra ter tal resposta

Sei que me perdi.
Como? Também não sei
Não sabia ontem o caminho
Pra poder segui-lo

Defino o sentimento de perder-se:
ânsia
De quê? Sei lá
Termina por não mais importar

Sei que, nessa ânsia,
Grito por mim
Onde só existem os outros

Perder-se, ao fim e ao cabo,
É tornar-se egocêntrico

Ainda bem que o tempo tem passado rápido.


segunda-feira, 26 de maio de 2014

Fotografar ruínas.

Depois:
Sofrer com a vil ilusão
De destruir uma imagem
Do que não existe mais.

sexta-feira, 28 de março de 2014

abandono

   .
   .
   .

seu próprio abandono

nem vertical
nem horizontal
melhor ou pior

interior

   .
   .
   .

abandono

você se abandonou ao tempo
ao sabor do tempo
tem tempo

   .
   .
   .

auto
abandono