segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Dementia

Vejo-me em pé ante a soleira de uma porta que é máquina e não passagem (o aleatório repete o que era pra ser diverso). Todos dormem. Talvez não por cansaço, mas por necessidade. Pensei se deitava por preguiça ou se permanecia por falta de caráter. Insisti que era boa e não havia opção melhor. A cidade range suas dores de um lado; do outro, fala a voz de um morto. Matei os versos e rimas e métricas. Confesso que muito também por incapacidade de maestrar. Vivendo na falsa máscara da inspiração - que incomoda ao mesmo tempo que incentiva; mata ao mesmo tempo que revigora. Eram 06:06 de novo quando o relógio me assaltou. Quis ser a invenção de Charles para acordar de um sonho dentro de um sonho, e ver, e tudo dar certo. Aquela injeção de ânimo que tanto se quer, mas tenho medo da minha fobia de agulhas. Eis que a ponte da origem e do fim novamente se encontram frente a mim e estou (des)equilibrada no parapeito.

Contra o vento