quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Histórias infantis para crianças velhas

Casas   amarelas com telhados floridos e jardins da mais pura água salgada de um mar carioca,   agrupadas lado a lado, de cima abaixo de   pernas longas e sem grades. Escadas dispostas na horizontal servem de apoio   para quedas   constantes de suicidas   frustrados que saltam das janelas de seus vizinhos para   um público infantil que aplaude pelos doces   jogados nas bocas de seus pais para dentro de suas orelhas.Cabelos   escorrem dos braços para   servirem de caminho para os   céus de borboletas lilases que se escondem nas copas das árvores vermelhas.   Pessoas se enforcam   com suas línguas e se afogam com     suas salivas enquanto constroem famílias fazendo    sexo dentro da casinha do    cachorro ou na caixa de   areia do gato.Cortes de estiletes nos braços se confundem com marcas    redondas de cigarrinhos de chocolate.      Manchas vermelhas fazem cócegas em feridas abertas    por beijos e o pus que escorre cai na comida do pássaro que, neste      momento, bate a cigarra que está no seu bico no galho com toda ânsia e     paixão para mastigá-la e sentir o seu sabor    amargo causador de cânceres rosas     nos olhos daqueles que sofrem com    músculos no cérebro. Carros de fumaça carregam crianças avessas que brincam com suas      vísceras de pular corda e com suas bexigas de queimada. No caminho para    a escola, os pais gritam suavemente     para seus filhos não arrancarem os dentes das girafas nem pregá-los com cuspe    nas patas dos elefantes de uma floresta     temperada com pimenta. Quando o sol se põe e a arara-azul surge no céu junto com as ariranhas-estrelas, as crianças se postam perto da lareira    cobertas com     jornal para dormirem pesadelos profundos de uma vida sonhada por    seus pais com problemas de insônia    que tomam café com coca-cola em busca de livros fantásticos que se escondem entre os vermes que habitam suas cabeças para contar histórias reais de uma fantasia inexistente   para seus filhos.

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