segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

A boneca de pano

Sabe aquela bonequinha de trapo ali na estante?
Sou eu.
Toda costurada, remendada?
Eu mesma.

Certa vez, tive que costurar o dedinho mindinho do pé
Quase voou fora por causa da quina da mesa
Esse foi fácil
Doeu mesmo foi a topada.

Noutra ocasião, foi o braço que caiu
Não lembro o porquê
Também não foi tão complicado
Apesar de eu o ter costurado com apenas uma das mãos.

O mais difícil de todos
O mais difícil mesmo
Foi remendar meu próprio coração
Esse doeu. Doeu doeu doeu.
Não tinha linha suficiente
Tive que usar umas lágrimas que caíam
Pra colar uns caquinhos aqui e acolá.
Com o tempo, nasceu um tecido vermelho bonitinho por cima
Hoje ele ajuda a esconder as costuras.

Sabe aquela bonequinha de retalhos ali na estante?
Sou eu.
Ouço o coração dela bater daqui
Eu mesma.

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